terça-feira, 11 de outubro de 2011

Lembranças Permanentes

Quanto tempo demora a alguém se recuperar
De um fim não planejado?
De um amor inacabado?
Por que é lógico sofrer?
Se nossos momentos passados é o que prevalecem,
É porque meu pensamento ainda te pertence.
Se o signifiquei para você
For tão certo como despreguiçar em todo amanhcer,
Sei que roubei por completo o espaço de seu ser.
Saberei também que sou eu
Quem arranha tua garganta
Quando, em silêncio, me chamas;
Sem saber que estou a escutar,
Ouvindo o som mais lindo
Que é teu coração disparar.
Te guardo com a certeza de que eu também moro em ti.

Na estação mais fria do ano,
Só pensando em você
É que eu me livro de seus danos.
Nenhum outro assunto me faz tão melhor e pior,
Mas é ele que se refaz por si só;
Sem ninguém lhe ordenar.
Publicarei meus sentimentos;
Vou manter apenas imagens dos beijos secretos.
Escancarei em todos os termos
Que não posso mais me controlar,
Nem agüentar que você separe
Seu coração do meu.
E se mesmo assim você insistir em partir
Só me restará desistir,
Mas ainda faltará declarar
Que você foi, em pouco tempo,
O que, em uma vida inteira,
Eu quis pra mim.

21 de julho de 2005.

Sina


Eu o vi abraçar outras mulheres,
Fazendo figura, só pra provocar.
Eu, testando minha própria paciência,
Finjo descaso,
Mas meu limite se esgota.
E volto pra casa sentida,
Quis ser outra vez querida
Pelo mesmo homem que me fez sentir o amor.
Eu pedi a Deus licença,
Quis tirar umas férias
De uma vida sem graça.
Enrolei-me em um cobertor,
Salvei num arquivo fragmentos de coração.
Sinto sua falta ainda,
Obedecendo a sina
Daquela que sempre se vê escrava da dor.

Evitei ser flagrada chorando,
Mas perdi até esse comando;
Não consigo me dirigir
Se você está aqui.
Vai, viaje por outras cidades,
Para encontrar outro calor
Igual de meus lábios;
Mas nenhuma outra vai suprir
A essa saudade que você sente de mim.
Usa uma máscara, uma mentira,
Morde a própria língua;
Diz que tudo acabou e que já ocupam meu lugar.

24 de agosto de 2005.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mar Amor

Mar Amor,
Quem não nadou nesse mar, foge.
Quem já nadou nele, quase morre.
Quando calmo, é como amar.
Quando revolto, é como sofrer.
A toda hora, agora,
Ondas quebram na praia;
É a ilusão que cai sobre mim.
Se me afogo para esquecer,
É a solidão que me tomou.

Quis aprender a nadar:
Quis ser amada.
Quero mergulhar e não voltar:
Quero esquecer-te.
Esse mar me carrega,
O amor me domina.
Meu barco afundou;
Você se foi, me deixou.
Outra vez vai ancorar
Em outro mar, em outra areia;
Vai velejar e encontrar
Uma pessoa em meu lugar;
Como um dia me achou
Desarcodada, em alto-mar.

O mar é assim.
O amor é como o mar.
Quando se ama alguém,
Tudo se move, num balançar.
Ser amada é um mar manso;
Sofrer por alguém é maremoto.
E nessa imensidão,
Se é apenas um ser
Que nada, nada e nada,
E a maré puxa para o fundo
Ou lhe leva só para a praia.
O seu amor foi uma embarcação
Que navegou enquanto amou;
Mas o vento soprou sua vela
E eu sou apenas mais um náufrago
A chorar a solidão.

Quando se está no meio do mar
E os pés não alcançam o chão,
Aquele pânico é como a dor
Que faz sofrer o meu ser.
Você ancorou no meu coração;
Marinheiro sem destino partiu.
Você tem muito mais de um porto
E um amor em cada um.
Se sonhar é como boiar,
O sal é esse amargo
Que me invade como um mar bravo.
As águas entram em minha boca
E me impedem de te chamar.
Eu fiquei a ver navios
Que passam longe, no horizonte.
Eu passo a noite e o dia no mar
Esperando um marítimo voltar.
Você é quem foi,
Eu sou quem ficou;
O nosso amor virou mar.



 31 de julho de 2005.